Frequência de realização desta atividade pela instituição: Atividade realizada durante o ano
Descrição: O uso excessivo dos agrotóxicos está diretamente relacionado com a política agrícola desenvolvida no país, desde a década de 1960. Com a chamada Revolução Verde, que representou uma mudança tecnológica e química no modo de produzir, o campo passou por uma “modernização” que impulsionou a produção em grande escala, mas extremamente dependente do uso dos pacotes agroquímicos, adubos, sementes melhoradas e venenos. O Brasil, de acordo com dados do Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para a Defesa Agrícola, passou para o primeiro lugar no ranking mundial do consumo de agrotóxicos, com mais de 1 bilhão de toneladas (equivalente a 1 bilhão de litros) de venenos jogados nas lavouras desde 2009.
Todo esse mercado é concentrado nas mãos de apenas seis grandes empresas transnacionais, que controlam cerca de 80% do mercado dos venenos. São elas; Monsanto, Syngenta, Bayer, Dupont, Dow AgroSciences e Basf. Perguntamo-nos, quais os agravantes para a saúde humana, animal e vegetal? O que está sendo feito para barrar essa política de envenenamento do planeta? Essas são perguntas chaves para iniciarmos um debate junto à comunidade acadêmica e a comunidade popular.
O consumo de agrotóxicos cresce de forma correspondente ao avanço do agronegócio, um modelo de produção que concentra a terra, a água e os bens da natureza. Utiliza quantidades crescentes de venenos para garantir a produção em escala mundial. Na última safra, segundo a Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim), foram vendidos ao redor de 7 bilhões de dólares em agrotóxicos. O agronegócio representa a mais nova fase da modernização conservadora do latifúndio brasileiro, reforçando todas as perversidades de suas fases anteriores, trabalho degradante, concentração da terra e da renda, destruição ambiental, enormes monocultivos, dominando territórios inteiros, êxodo rural e miséria nas cidades próximas ao seu entorno. E por outro lado a dependência do capital financeiro drenando lucros imensos da terra para os bancos, dependência genética das sementes hibridas e transgênicas controladas pelas multinacionais, mecanização pesada e agressiva ao solo e ao meio ambiente, padronização produtiva empobrecendo a dieta alimentar da população, alta dependência de insumos derivados de petróleo e a dependência química dos agro venenos.
Segundo a campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e pela vida, organização de mais de 30 entidades e movimentos sociais da sociedade civil brasileira, diz que “chamados equivocadamente de “defensivos” agrícolas, de agrotóxicos e até de ”remédios” para as plantas, os venenos agrícolas transformaram-se numa das piores facetas do agronegócio brasileiro”. Isto porque suas consequências afetam toda a população: os que trabalham e os que comem. E com ele se torna dominante e hegemônico no fornecimento de insumos e no direcionamento da comercialização da produção, arrasta grande parte dos pequenos agricultores para o seu modelo tecnológico de produção, embora em menor escala de dependência.
O Brasil se tornou, por dois anos seguidos (2008-2009), campeão mundial de consumo de agrovenenos. “Somos a agricultura mais envenenada do mundo”. São mais de cinco quilos de venenos por habitante/ano. E esta dependência química virou um círculo vicioso. A fórmula é aplicar venenos para combater as chamadas “pragas”. Estas, por sua vez, adquirem resistência aos venenos e se multiplicam apesar deles. E a solução é aplicar doses mais fortes e novos venenos, ditos mais eficazes. Quem perde com isso? É o povo com: comida envenenada, águas contaminadas (tanto águas de superfície quanto águas subterrâneas), ar poluído de resíduos químicos, montanhas de embalagens com destino inadequado, solos contaminados com resíduos químicos persistentes, pessoas adoentadas. Seres humanos com doses cavalares de venenos agrícolas na pele, no estomago, no sangue, no fígado. As principais vítimas são os pequenos agricultores, os trabalhadores rurais do agronegócio e os consumidores pobres. O câncer já é uma epidemia entre agricultores e trabalhadores rurais. Doenças de pele, dores de cabeça constantes e depressão também são comuns.
Muitos podem perguntar o que uma instituição de ensino particular tem haver com o tema? Vemos uma estreita relação, na medida em que pessoas estão sendo afetadas em sua qualidade de vida, nessa perspectiva estamos diante de um problema que diz respeito à vida e a saúde de uma sociedade. A academia é um lugar por excelência de produção e transmissão do conhecimento científico e do conhecimento popular para as práticas para o melhoramento da vida humana.
Ao incentivar a realização da Feira Agroecológica, nas suas dependências, a Faculdade Pitágoras estará colaborando com a sustentabilidade local, ao possibilitar um espaço de comercialização para os pequenos agricultores do município, assim como contribuindo para a divulgação do consumo dos alimentos saudáveis.
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