Postado por: UNIVERSIDADE DE UBERABA - UNIUBE
Postado em: 18/10/2022
Fonte: HTTPS://UNIUBE.BR/ACONTECE-NA-UNIUBE/DESTAQUE-NA-MIDIA-PROFESSORAS-DA-UNIUBE-CRIAM-PROJETOS-PARA-FACILITAR-A-APRENDIZAGEM-DE-DEFICIENTES-VISUAIS
Acostumada a resolver cálculos com frequência, a advogada e professora universitária, Jussara Melo Pedrosa, viu-se diante de um problema sem fórmulas prontas para solucioná-lo. Ela ministrava a disciplina de Direito do Trabalho, na Uniube quando percebeu que uma das alunas tinha deficiência visual. A reação da professora, à primeira vista, foi de apreensão e questionamento interno. Como repassar o conteúdo para uma estudante que não enxergava?
Como boa professora de cálculos, Jussara jamais admitiria um problema sem solução. "Comecei a ensiná-la por meio de fórmulas matemáticas para que pudesse suprir suas necessidades. Ensinava as operações com números inteiros, tendo em vista, na época, não ter calculadora em braile nem mesmo sequer os meios eletrônicos que temos hoje", conta. Assim, Jussara foi construindo fórmulas de acordo com cada conteúdo ministrado. "Aplicando a regra passo a passo, era possível calcular um determinado direito que o empregado fazia jus em receber", diz.
A mesma preocupação em adaptar o ensino a alunos com deficiência visual, também atingiu as professoras de Biologia Celular, Giuliana Thedei e Tatiana Reis, que criaram um projeto de extensão, Metodologia Inclusiva no Estudo da Biologia, para facilitar o ensino da disciplina. O projeto visa produzir maquetes táteis que simulem a composição celular, óssea ou de tecidos musculares.
"Nos cursos da área da saúde, existem disciplinas que exigem que o aluno veja as células e os tecidos ao microscópio, o que para estudantes com baixa visão ou cegos é impossível. Por isso, primeiramente o projeto nasceu a partir da necessidade de criar materiais adequados para um estudante do curso de Educação Física, juntamente com alunos que tinham interesse em questões de inclusão. Ele tem como objetivo montar materiais em alto relevo, adaptados de Biologia Celular e Histologia, para que os estudantes de graduação, que sejam deficientes visuais, possam sentir cada parte da célula e como realmente são", explica Giuliana.
O projeto, que foi fundamental para a inclusão do estudante de Educação Física na disciplina, é agora também utilizado por vários estudantes, pois contribui para a compreensão do assunto. "Nós ficamos muito felizes de poder propiciar o aprendizado de um assunto tão relevante para a área da saúde. A minha missão como docente é orientar o aprendizado e despertar no estudante a vontade de aprender e se necessário, criar materiais e técnicas que levem a esse aprendizado".
As professoras Giuliana e Tatiana pretendem expandir a disponibilização dos materiais. "Esperamos poder ampliar para escolas públicas, uma vez que utilizamos materiais de baixo custo, o que possibilitaria a replicação deles. Queremos também expandir a elaboração de materiais para outras áreas da Biologia como a Embriologia, a Patologia, a Microbiologia", continua Giulianna.
Já as fórmulas criadas por Jussara viraram apostila e são aplicadas, ainda hoje, em sala de aula. A professora planeja publicar um livro com a parte teórica e prática dos ensinamentos de cálculos com as fórmulas. "Quando comecei a criar as fórmulas, passei a ensinar todos os alunos por meio delas. Creio que o livro também será útil aos colegas para aprender o cálculo trabalhista", afirma.