Postado por: CENTRO UNIVERSITÁRIO ESTÁCIO DE SÁ - RIBEIRÃO PRETO - ESTÁCIO RIBEIRÃO
Postado em: 25/08/2015
Fonte: CRÔNICA DE JOSÉ ERNESTO DOS SANTOS
25 de agosto de 2015
Crônica de José Ernesto dos Santos
Foi motivo de muita discussão a polêmica posição, tomada pelo Conselho Superior da Pontifícia Universidade Católica (PUC) de não aceitar o nome de Michel Foucault (1926-1984) para uma cátedra universitária. Ao que tudo indica a negação ou censura, se deveu ao entendimento que seus pensamentos “não coadunavam com os valores da igreja”. O filosofo é sempre lembrado pelas suas teorias que abordam principalmente a relação entre o poder e o conhecimento, usados ??como forma de controle pelas instituições sociais. Evidentemente sua critica a Igreja Católica está no centro da negação.
Mas lembrei-me recentemente de que existe outro Foucault, também controverso e inovador. Se parentes, não sei. Seu nome Jean Bernard Léon Foucault (1819 -1868) físico e astrônomo francês que revolucionou o mundo, com seus inventos. Imaginem que, “um pouco antes” de um de seus experimentos, em 1600, Giordano Bruno foi condenado à fogueira pela Inquisição porque acreditava que a Terra se movia em torno do seu eixo e em torno do Sol. Três décadas depois, Galileu Galilei só não teve o mesmo destino porque renunciou à mesma convicção científica. Em 1851, Foucault (o Jean Bernard) com uma experiência simples foi capaz de demonstrar que Bruno e Galilei estavam corretos. Com uma corda de 67 metros, fixa no teto do Pantheon de Paris, ele suspendeu uma esfera de ferro de 28 kg e imprimiu-lhe um movimento pendular. O plano do pêndulo passou a apresentar uma lenta rotação no sentido horário, movimento explicado por que a Terra gira em torno de seu eixo. Deixando de lado os senos e cossenos, que regem o movimento pendular, que desculpem-me os matemáticos e físicos, o filósofo Umberto Eco faz uma descrição magnifica sobre o pendulo: “a esfera, móvel na extremidade de um longo fio, fixado à abóboda do coro, descrevia suas amplas oscilações em isócrona majestade”, e, “a esfera de cobre emitia pálidos reflexos cambiantes sob a incidência dos últimos raios de sol que penetravam pelos vitrais”.
O famoso pêndulo foi retirado do Pantheon em 2013 para reforma, mas se você tiver paciência poderá vê-lo no próximo ano. Se tiver muita pressa, não fique triste, pois em Paris existe outro pêndulo no Museu des Arts et Métiers e também pelo mundo outros no Palácio da Justiça de Bruxelas, no Deutsche Museum, no Smithsonian Museum em Washington, no Instituto de Geofísica de Munique, na Cidade das Artes e Ciências de Valência na Espanha, no Instituto de Física da Universidade de Oslo ou na Sede das Nações Unidas em New York.
Mas, se a crise econômica e o câmbio passando os três reais o incomodam, não fique acabrunhado com sua curiosidade em conhecer tão famoso objeto. Você poderá ver um maravilhoso pêndulo na sede da Universidade Estácio-Uniseb, na Avenida Maurilio Biagi. Em Ribeirão Preto? Sim, um pêndulo de cerca de 20 a 30 quilos suspenso por um cabo a uma altura de 25 metros, tendo em sua base um marcador dos pontos cardeais. Pode ser visto aqui em nossa cidade e imaginar como um objeto aparentemente tão simples revolucionou nossos conhecimentos e se desenvolvido antes poderia ter evitado, pelo menos, uma morte.
Acho intrigante que o histórico objeto repouse sereno e esquecido no centro do prédio e por lá circulam centenas de estudantes universitários que não lhe dão atenção. Às vezes até pergunto a algum deles: O que será isso? As respostas são bem displicentes, ignorando a importância do objeto.
Mas, para que se preocupar com o pêndulo de Foucault se o tempo livre de que eles dispõem é insuficiente até para os exercícios aeróbicos de indicador de mão direita que eles fazem, com maestria em seus “smartfones”?
http://uniseb.com.br/presencial/institucional/noticias/esses-inovadores-e-controversos-foucault